lua-de-mel ou pondera mesmo a hipótese de vir a casar no estrangeiro — dá-se ares de “Pequena Veneza”. O que não é de estranhar; a mesma integrou, durante boa parte da sua existência, o ducado veneziano (os italianos chamavam-lhe Lesina, ou seja “floresta”) e ainda hoje marca uma fronteira invisível, mas percetível, entre o modus vivendi mais “germânico” do norte da Croácia e o seu tempero assumidamente mediterrânico.
Logo à chegada, torna-se igualmente claro que a vida da cidade ― que no pico do Verão passa de três mil habitantes para uma média diária de 30 mil visitantes ― se organiza em torno da baía, disputada por hotéis, cafés, bares e até clubes de praia, com as excepções por conta da praça contígua, a Pjaca, e da fortaleza altaneira, sem dúvida alguma o melhor ponto para se ter uma visão de águia sobre Hvar.
Ao largo, várias ilhas, que mais parecem carapaças de tartaruga, compõem, juntamente com o casario e os pináculos, um cenário tão acima de suspeita, que a lenda da sua formação, associada a um susto que Zeus terá pregado a Neptuno ao surpreendê-lo em pleno ato amoroso, só torna mais delicioso.
Mas Hvar não é apenas a cidade que faz as vezes de porto de entrada, é também o nome de toda uma ilha, esguia como uma lança apontada a terra firme. São vários os pontos de interesse, mas uma das excursões mais comuns passa por ir até Stari Grad, a leste, a escassos 16 quilómetros.
O caminho, bastante acidentado, permite vislumbrar não só a costa recortada, com encostas sulcadas até ao mar, como espreitar algumas das baías e praias de cartão-postal, onde ficam ancorados muitos dos iates e veleiros de luxo que navegam por estas águas de um azul estonteante.
Mas, para quem faz o trajeto entre finais de Junho e princípios de Julho, há um outro atractivo, que passa por admirar as alfazemas em flor, dispostas por vários socalcos ganhos a duras penas ao solo pedregoso. A Croácia é, convém dizê-lo, uma das principais produtoras mundiais de alfazema, sendo Hvar o epicentro dessa cultura, ao ponto de ter abastecido durante anos a indústria de perfumes francesa.
Sob os auspícios da Unesco desde 2008, Stari Grad, fora da agitação dos festivais de música e teatro estivais, continua bastante pacata, com ares de cidadezinha adormecida. O núcleo histórico está vedado aos carros e mantém uma disposição que lembra as típicas choras gregas, mas Stari Grad, para já a salvo de maiores confusões, está a investir no melhoramento da sua infra-estrutura, contando com vários cafés-galeria muito aprazíveis, bem como trilhas para quem quer pedalar a ilha. É, todavia, na sua baía, onde um dedo de mar avança pela cidade antiga como quem fura um bolo, que Stari Grad nos surge como uma Hvar em miniatura.
Mais modesta, sobretudo em património, Jelsa é outro ponto importante de escala na costa de Hvar, contando com bons restaurantes de peixe que se perfilam no seu porto. À volta, algumas das praias que estão a catapultar Hvar como uma alternativa de riviera dálmata capaz de rivalizar com a italiana ou turca.
Voltando a Hvar, este é agora o tipo de local cool onde vestidos Missoni se combionam com Havaianas e onde é possível tomar o pequeno-almoço Às 11 horas da manhã, sem pressas ou neuras. Os mais festeiros poderão sair todas as noite4s, mas, por norma, quem está a dois sente-se mais tentado por propostas como tomar um aperitivo e/ou jantar à meia luz nos terraços mais "in" (os dos hotéis-design Riva e Adriana são incontornáveis como pontos de encontro), já para não falar das consensuais espreguiçadeiras e camas de dia balinesas, assentes sobre palafitas suspensas sobre o mar, de clubes como Bonj 'Les Bains', onde é praxe ficar a ver a vida passar, sem olhar para o relógio, entre um gole e outro de champanhe.
Sim, namorar em Hvar é uma festa.
Como ir:
A TAP voa para Dubrovnik, via Zagreb, a partir de Portugal. Uma vez em Dubrovnik, existem serviços regulares de ferry ou catamarã, com preços muito razoáveis, que ligam as várias ilhas com o continente.
Hotéis:
Aos amantes do estilo contemporâneo, e que procuram hotéis que sejam mais do que meros locais para dormir, sugerimos que tenham em consideração a cadeia Suncani, que inclui no seu protfólio o Riva, o Adriana ou o Amfora.
Restaurantes:
Hvar é um prato cheio para quem não dispensa os prazeres de uma boa mesa, pois alguns dos melhores restaurantes da Croácia estão aqui. Recomendações sem erro: Zori, Passarola ou ainda o pequeno Macondo (tel. +385 21 742 850).
Mais informações úteis:
. Casar na Croácia
. Passeios românticos em Hvar
. Turismo da Croácia em Portugal
Guest blogger: João Miguel Simões Cada vez mais dividido entre Lisboa e São Paulo, o jornalista português especializou-se em viagens e lifestyle. Viajante frequente, os seus principais focos são a arquitetura, o design, a gastronomia e os roteiros de bons endereços, com colaborações regulares em revistas portuguesas, como a Volta ao Mundo, a Evasões ou a UP, e brasileiras, como a Casa Vogue e a Bamboo. Autor dos blogs @ddressbook, dedicados à boa vida em diversos pontos do mundo, ganhou prémios internacionais como o “Pluma de Plata” ou o “Pasión por la Vida”. Contactos: Facebook, Twitter e E-mail. É especialista numa área associada à temática do casamento e gostava de escrever na Zankyou Magazine? Contacte-nos.
Confesso que para este meu primeiro post, o de estreia a bordo da Zankyou Magazine, hesitei. Não por falta de assunto ou inspiração, mas, precisamente, por ter muito por onde escolher.
E foi ai que, sem perder de vista o tema “destination wedding” ou, tout court, “em clima de lua-de-mel” (em sentido estrito e lato, que a ideia aqui é dar largas ao romance), apontei para um critério simples, mas que me pareceu eficaz e certeiro: um destino relativamente perto, mas suficientemente longe para garantir uma sensação de evasão; sofisticado, mas despojado q.b. para não se tornar pretensioso; com uma oferta variada para corresponder a diferentes tipos de carteiras e intenções; e, por último, mas não menos importante, capaz de misturar, em doses equilibradas, sossego e animação, mar e céu azuis, um pouco de história e outro tanto de mundanidade.
Foi assim que, sem grande esforço, elegi Hvar, na Croácia.
Por muitos anos, e até por uma compreensível afinidade histórica e proximidade geográfica, a Croácia, que sempre dependeu do turismo, definia muito a sua estratégia de promoção em função do que julgava ser o seu maior diferencial para uma clientela germânica, até perceber que, mudados os tempos e as vontades, o seu apelo não está mais no naturismo, mas sim no naturalismo e na história.
A começar na costa dálmata, pejada de ilhas, banhada pelo Adriático que Cousteau, paz a sua alma, não hesitou um dia em classificar como um dos mais limpos do planeta (devido ao seu elevado índice de salubridade, nalgumas zonas o grau de poluição é praticamente zero). Mesmo sem praias de areia, a cor da água, a sua transparência e temperatura cálida são trunfos suficientes para fazer com que a Croácia esteja a disputar, não tarda taco a taco, o mercado com outras rivieras no sul da Europa. Com a vantagem de ser mais barata, menos conhecida e de, feitas as contas, possuir um invejável património histórico, fruto da sua permanência no Império Austro-Húngaro e no Ducado de Veneza, que lhe dá um cachet muito especial.
É aqui que entra Hvar. Depois de Dubrovnik, ela é a grande coqueluche da costa dálmata e um íman poderoso que atrai, a cada nova temporada estival, mais jet set a bordo de iates e veleiros e, claro, apaixonados. Colonizada pelos gregos da ilha de Paros (que significa farol, sendo Hvar o sinónimo em croata), esta cidade — e aqui está uma informação importante para quem ainda não decidiu o seu destino de Guest blogger: João Miguel Simões Cada vez mais dividido entre Lisboa e São Paulo, o jornalista português especializou-se em viagens e lifestyle. Viajante frequente, os seus principais focos são a arquitetura, o design, a gastronomia e os roteiros de bons endereços, com colaborações regulares em revistas portuguesas, como a Volta ao Mundo, a Evasões ou a UP, e brasileiras, como a Casa Vogue e a Bamboo. Autor dos blogs @ddressbook, dedicados à boa vida em diversos pontos do mundo, ganhou prémios internacionais como o “Pluma de Plata” ou o “Pasión por la Vida”. Contactos: Facebook, Twitter e E-mail. É especialista numa área associada à temática do casamento e gostava de escrever na Zankyou Magazine? Contacte-nos.
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