Porque o Amor nunca vem tarde: para Zé Pedro chegou aos 56 anos

Faz hoje um ano que Portugal foi abalado por uma notícia muito triste: a morte de Zé Pedro. Fundador e guitarristas dos Xutos & Pontapés, era uma das figuras mais queridas do panorama musical português, simpático e de sorriso fácil, um “músico de afetos”, como disse Luís Represas, que - citando a revista Blitz – estava indelevelmente ligado à história da música elétrica em Portugal, não só pelo seu papel nos Xutos, mas também pela ligação à sala de espetáculos Johnny Guitar e a outros projetos que abraçava com invariável entusiasmo.

Mas não é de despedidas que aqui queremos falar, mas sim de Amor. Do amor incondicional que Zé Pedro – o até então "eterno solteirão" - descobriu quando conheceu Cristina Avides Moreira, com quem subiu ao altar em janeiro de 2013. “Depois de alguns anos à espera da pessoa certa, posso dizer que valeu a pena ter esperado, porque encontrei a minha outra metade”, terá dito o cantor.

“Esperei 56 anos pela noiva perfeita!”, comentou também o músico à revista Nova Gente, momentos anos de dar o grande passo para “o dia mais feliz da sua vida”, como confessou posteriormente numa entrevista que deu ao Observador.

Tal como relembrou a revista VIP, era frequente ouvir Zé Pedro a falar abertamente sobre o amor que sentia por Cristina, sem receio de partilhar emoções. “O amor é a coisa mais importante que uma pessoa pode levar da sua vida e quando se encontra o melhor, é não largar. Alimentá-lo, tratá-lo bem, cuidar dele, porque a coisa principal que tenho na vida é o amor pela Cristina e vice-versa.’, terá dito o músico. Aliás, o guitarrista dizia que o amor que sentia pela mulher era “tão forte” que a história da relação podia “ser contada daqui a uns tempos”.

Ao lado de Zé Pedro, também Cristina voltou a sorrir, após uma relação e separação algo conturbada com o jornalista Miguel Sousa Tavares, e apesar de ter vivido com ele as consequências da sua Hepatite C, a fase em que o músico teve de se submeter ao transplante de fígado, em 2011.

No início da relação, Zé Pedro dividia-se entre Lisboa e o Porto, até que acabou por se mudar para a Invicta. Cristina chegou a tatuar o “Z” do marido no corpo e o artista, aparentemente recuperado após o transplante, chegou a confessar o desejo de ser pai, embora a saúde não o tenha permitido.

Nunca é tarde para encontrar o Amor. E Zé Pedro é a prova disso. “Casei-me tarde, mas foi para sempre, é como cantam os Xutos”, afirmou em entrevista ao Observador. E o ano passado, na altura em que celebrou 60 anos, voltou a falar do amor que encontrou na sua vida, numa entrevista que deu à revista Blitz

“Hoje em dia, tenho a certeza de que o amor é a coisa mais importante da vida. Sem ele, não consegues gerir mais nada. Mesmo naquele pessoal mais focado no trabalho, os workaholics, talvez possamos considerar que há uma paixão pelo dinheiro... Mas, mesmo assim, o amor que se pode ter com um ser humano, não tenho dúvidas que é a força onde conseguimos ir buscar tudo. Sou 100 por cento crente que esse é o principal fator: uma pessoa estar emocionalmente bem alimentada. Tem a ver com o equilíbrio amoroso. Eu encontrei a Cristina bastante tarde na minha vida. Felizmente não tive outros casamentos antes, e assim posso dizer que é para a vida”.

E foi. Nos últimos anos, Cristina foi a mulher da sua vida, do “nosso Zé Pedro, que nos deixou” como se leu na página dos Xutos & Pontapés. “Foi em paz”.

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