Todos sabemos que o amor de um pai ou de uma mãe... É um amor incondicional! No entanto, não é por isso que nos deixamos de emocionar quando nos deparámos com verdadeiras manifestações desse mesmo amor...
Jillian Daugherty nasceu no dia 17 de Outubro de 1989 com Síndrome de Down - algo que aqui, na Zankyou Magazine, nunca nos foi indiferente: lembram-se da Beauty Party que dedicamos a grupo de meninas muito especial? - mas foi amada, claro, muito antes disso!.. Paul e Kerry, os pais, no dia em que a levaram para casa, do hospital, tinham o coração inundado de preocupações e incertezas. Sabiam que a filha tinha necessidades especiais mas recusaram-se a ceder ao preconceito e às limitações, tantas vezes, impostas pela sociedade.
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A história de Jillian é, verdadeiramente, inspiradora e deu até, já, origem a um livro: "An Uncomplicated Life"! E talvez por isso, este pai, lhe tenha escrito esta carta, no dia do casamento dela:
"Querida Jillian,
Esta é a tarde do teu casamento. 27 de Junho de 2015. Daqui a duas horas, começarás a estrada de uma vida toda, um percurso ainda mais memorável do que aquele que trilhaste até chegares a este dia. Eu não sei quais são as probabilidades de uma mulher nascida com Síndrome de Down casar com o amor da sua vida. Só sei que tu conseguiste!
Estás no andar de cima, envolta nos últimos preparativos, com a tua mãe e com as tuas damas de honor. Os teus cabelos serão adornados de forma perfeita sobre o teu pescoço esguio. O teu vestido, a tua jóia, como o definiste, atrai cada raio do sol da tarde, que entra pela janela. A tua maquilhagem, com aquele batom vermelho, realça, de algum modo, uma beleza que só aumentou desde o dia em que nasceste. O teu sorriso é radiante... E eterno!
Debaixo da janela, eu olho para cima. Vivemos às vezes, momentos como este, em que as esperanças e os sonhos se misturam com doçura; quando tudo o que sempre imaginamos se realiza. A felicidade é possível. Agora, aqui, debaixo desta janela, eu sei disso.
Tenho tudo e nada para te dizer. Quando nasceste, e nos anos seguintes, nunca me preocupei com o que irias alcançar academicamente. A tua mãe e eu iríamos, simplesmente, fazer acontecer. Usaríamos a lei como um açoite, se fosse preciso. Os professores iam cumprir o dever deles para contigo e nós, sabíamos que tu conquistarias o respeito dos teus colegas.
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O que nunca te pudemos garantir foi que os outros meninos gostassem de ti. Que te aceitassem, que se tornassem teus amigos, que ficassem a teu lado.
Isso preocupava-me. Chorei intensamente, comigo mesmo, naquela noite em que, aos 12 anos, tu me disseste: “eu não tenho amigos”.
Todos desejamos as mesmas coisas para os nossos filhos. Saúde, felicidade... E a capacidade de participar e desfrutar do mundo, que não é apenas um privilégio das crianças ditas normais. Perseguir o mundo é um direito natural de todas as crianças. E tu não imaginas o quanto eu me preocupava, desejando que perseguisses o mundo, Jillian.
Mas não era preciso. Tu és sociável por natureza. No ensino primário, chamavam-te de "presidente", pela tua capacidade de mobilizar toda a gente, por uma mesma causa. Dançavas na escola. Marcaste de uma forma ímpar, a vida de todos aqueles que te conheceram.
Lembras-te de todas aquelas coisas que diziam que nunca irias fazer, Jills? Que não poderias andar de bicicleta ou praticar qualquer tipo de desporto... Que nunca irias para a faculdade… E que, de certeza, nunca te casarias… E agora… Olha só!
Tu és a pessoa mais linda que conheço. Capaz de viver uma vida de empatia e simpatia, e, sem precisar de qualquer tipo de artimanha, és uma pessoa que todos querem conhecer.
Eu diria para entregares ao teu namorado, Ryan, todo o teu coração, mas isto seria uma coisa óbvia. Eu diria para seres amável com ele, mas tu já és! Com ele e com todas as pessoas que conheces... Eu desejaria para ti e para ele, uma vida de amizade e de respeito mútuo, mas vocês já estão juntos há uma década e a vossa amizade e o vosso respeito são evidentes.
Há dez anos atrás, quando aquele jovem entrou na nossa casa, vestido com elegância, com um bouquet de orquídeas na mão e me disse: “vim buscar a sua filha para a festa, senhor”, todos os medos que eu tinha por ti, desapareceram completamente.
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Agora, tu e o Ryan vão começar juntos, um caminho diferente. É um novo desafio, que não é mais difícil para ti do que para qualquer outra pessoa. Considerando quem tu és, eu acho que pode até ser mais fácil… A felicidade parece fácil para ti, assim como a capacidade de tornar os outros felizes.
Terminaste agora de te preparar, Jills, e a porta está aberta. Meu amor, toda vestida de branco, que atravessas agora, o limiar de mais um sonho alcançado! Estou aqui, sem fôlego, absolutamente fascinado, rendido às minhas emoções e a este momento. “Estás linda!” – é aquilo que te consigo dizer. E tu agradeces-me. “Serei sempre a tua menina, pai...”, dizes-me tu...
“Sim”, balbucio. "E é hora de irmos!", acrescento. Temos um longo caminho a percorrer..."
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Aqui, na Zankyou Magazine, desejamos que o longo caminho que, desde essa altura, Jillian e Ryan, e as suas famílias, percorrem, seja pleno de felicidade! Porque afinal, a diferença está em nós!
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