O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) é uma das principais agências que age contra as atrocidades cometidas em África. Um dos seus objectivos, expresso no relatório emitido em Dakar (Senegal), é de acabar com o casamento infantil, que acontece tanto na zona Ocidental como Central do continente. Este mal atrasa o progresso de um continente em estado permanente de alerta.
Foto: UnicefÁfrica é um dos grandes continentes da nossa terra, mas também um dos mais deteriorados. Além de uma elevada taxa de pobreza, sofre de uma escandalosa falta de respeito pelos direitos humanos, impulsionada pela falta de recursos e pela falta de apoio dos líderes, que ainda se aproveitam do estado em que se encontra o povo. E, como em qualquer sociedade subdesenvolvida, as mulheres são as mais prejudicadas, independentemente da sua idade. Os casamentos infantis são uma prova disso. De acordo como o relatório da Unicef "Alcançar um futuro sem casamento infantil: foco na África Ocidental e Central", já se celebram cerca de 1,7 milhões de casamento infantis por ano.
A taxa actual de casamentos infantis em África é tão alta que muito dificilmente se conseguirá erradicar esta prática. Fatoumata Ndiaye, Directora Executiva Adjunta da Unicef, é clara sobre o assunto: "Com as taxas actuais, serão necessários mais de 100 anos para eliminar o casamento infantil na região", lembrando que é muito "normal" as meninas casarem aos 15 anos, em países como a Nigéria, Chade, Mali, Burkina Faso e Guiné. Ndiaye considera ainda que se devem tomar medidas imediatas para resolver este problema, aproveitando o rápido crescimento da população.
Mas qual o mal que pode advir destes matrimónios? Além da violação dos direitos de todas as vítimas, bloqueiam a educação das crianças do sexo feminino: "Mandar as meninas para a escola deve ser a nossa principal prioridade, não só porque as ajuda a se prepararem para a vida, mas também porque ajuda a tirar as suas famílias, as suas comunidades e os seus países da pobreza ", explica a responsável.
O futuro de África depende da ajuda do Ocidente, mas também de seus próprios cidadãos e de sua capacidade de progredir. Com mais e melhor educação, e com o aumento de pessoas escolarizadas, África dará finalmente o grande passo que fará a diferença. "Quando as crianças se casam, as suas perspectivas de uma vida saudável e bem-sucedida diminuem drasticamente, e muitas vezes provocam um ciclo de pobreza que passa de geração em geração", diz Ndiaye.
Na verdade, esta prática não só ameaça a educação das meninas, como também as torna em potenciais vítimas da violência baseada no seu género e do HIV - SIDA. O fim destas uniões significaria uma maior sobrevivência de população e, como consequência, de todos os seus países.
Esses casamentos são um atraso que a Unicef decidiu eliminar implacavelmente. O futuro é dos meninos e meninas que, em todos os continentes do mundo, procuram a liberdade e a capacidade de lutar por um mundo melhor. Este é o primeiro passo para alcançá-lo...
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