Como superar os ciúmes numa relação

Boas notícias: ter ciúmes não é inevitável! Com as nossas dicas vai ter todos os trunfos na mão para conseguir vencer um dos grandes vilões de um relacionamento.

Os sentimentos fazem parte da condição humana. Amor, ódio, tristeza, ciúmes… Mas será que devemos considerar o ciúme normal? Em que ponto podemos dizer que se está a ultrapassar os limites? Esta é uma questão delicada que a Zankyou foi aprofundar junto de especialistas para vos poder dar as ferramentas necessárias para lidar com este sentimento perverso e corrosivo. Aqui fica o resultado de uma conversa com um psiquiatra, psicanalista e terapeuta familiar francês, Dr. Bernard Geberowicz, autor do livro J’arrête d’être jaloux(se)!, com Carmen Musat, psicoterapeuta doutorada em psicologia e com Michèle Balmès, psicanalista e terapeuta familiar.

O que é exatamente o ciúme?

É difícil definir este sentimento doloroso e complexo, descrito por Carmen Musat como “uma mistura de sentimentos (medo, raiva) que causa muito sofrimento e stress, com um elevado potencial de destruição”. Segundo a mesma, “o ciúme é uma reação à percepção de uma ameaça – seja ela real ou imaginária – no seio de uma relação”.

Já Michele Balmès descreve o ciúme doentio (ou excessivo) “como uma intensa emoção impregnada de raiva e violência, consequência do medo de perder a exclusividade do amor e de deixar de ser amada(o) em proveito de uma outra pessoa, medo esse geralmente não fundamentado, mas imaginado e exagerado por todos os pequenos indícios que o possam alimentar: atrasos, olhares, suspiros, pequenas atenções, presentes dados a outros…” E continua: “o ciumento ou ciumenta detesta ver ou imaginar os seus parceiros a interessarem-se por outras pessoas. Na dúvida, o parceiro ou parceira sofre uma explosão emocional excessiva, que ainda piora mediante todas as tentativas de negação ou de justificação”.

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Foto: Lapela Fotografia

É normal ser ciumento ou ciumenta?

Nós tínhamos que colocar a questão, apesar do termo “normal” ser impróprio para a psicanálise. Assim, e apesar de não podermos dar-lhe esta classificação, “podemos falar de um comportamento ‘habitual’, sempre que o mesmo seja moderado”, explica-nos o Dr. Bernard Geberowicz.

Efetivamente é "natural sentir tensões e emoções, sobretudo no início da relação, porque faz parte de uma palete de emoções e de sentimentos que coexistem num relacionamento e que revelam a ansiedade da perda ou do medo do abandono”. No entanto, o ciúme constitui um problema quando “se torna excessivo, quando invade o campo da relação e é acompanhado por raiva”.

Mas será o ciúme uma prova de amor? Nalguns casos, dirão, pode ser bastante perturbador o facto de duas pessoas estarem numa relação de tal forma descontraídos ao ponto de não manifestarem nenhuma tensão, mas de qualquer forma, e de acordo com o Dr. Bernard Geberowicz o “ciúme não será uma prova de amor interessante, existem muitas outras bem melhores…”

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Foto: Feel Creations - Wedding Photo & Film

Quando é deve soar o alarme?

O Dr. Bernard Geberowicz salienta três sinais que nos devem deixar de pulga atrás da orelha. “Nós podemos falar de ciúmes excessivos quando se constatam os três seguintes casos: uma vigilância estreita (com exigências permanentes de justificações, intromissão na vida intima do parceiro(a), etc.), a desvalorização na discussão (complementada por insinuações, falsas discussões ou mentiras para saber a verdade, disputas violentas, etc.) e finalmente – e sobretudo! – a falta de confiança na relação (que se manifesta através de reflexões permanentes, situações fantasmas, justificações que reforçam os pensamentos negativos na pessoa ciumenta, etc.)"

“O ciúme estende-se a toda a esfera que envolve o parceiro ou parceira”, explica Michèle Balmes “aos amigos do mesmo sexo ou do sexo oposto, ao ambiente profissional, a um estranho na rua, a toda a atividade social e por vezes até mesmo aos próprios filhos”. Quaisquer que sejam as estratégias aplicadas pela pessoa ciumenta, acabam por conduzir ao isolamento do cônjuge suspeito, reduzindo o seu campo de liberdade, que passa a ser suspeita de tornar-se a ocasião perfeita para «x» tentações.

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Foto: Lapela Fotografia

De onde vem esse ciúme mórbido? É uma questão de personalidade?

"O ciúme pode existir desde o início da relação ou pode desenvolver-se gradualmente, mas em todos os casos acaba por revelar uma personalidade subjacente", explica o Dr. Bernard Geberowicz. Por isso, uma das primeiras etapas para descobrir de onde vem o ciúme doentio será talvez “examinar as razões profundas do mesmo, que frequentemente remontam aos conflitos não resolvidos na infância”, sublinha Carmen Musat. “Esses conflitos revelam-se em vulnerabilidades, inseguranças, medo, falta de confiança (…) Gradualmente e à medida que reconhecemos a essência do ciúme, descobrimos a existência de expectativas infundadas, as projeções, a inveja, a perda da autoestima, a falta de confiança em si e nos outros, o medo e a insegurança das crianças. E estas não são descobertas agradáveis. De facto, isso podem ser de tal forma desagradáveis que certas pessoas tenderão a evitar a sua descoberta. Mas para resolver o problema do ciúme, a forma mais eficaz é um exame honesto e aberto a todas estas questões”.

Em todo o caso, “o ciúme é um ingrediente desestabilizador”, explica o Dr. Bernard Geberowicz “Ele deteriora muitos relacionamentos, por isso é importante que o outro entenda que o seu ciúme é de natureza doentia e excessiva, senão depois é muito difícil recuperar o relacionamento”.

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Foto: Feel Creations - Wedding Photo & Film

Como superar o ciúme?

E aqui estamos. Na questão essencial. No seu livro, Bernard Geberowicz propõe um método que “ajuda a perceber a dimensão do ciúme”, quer seja implementado individualmente ou a dois. A primeira etapa passa por reconhecer a existência do ciúme; a segunda é a aceitação e compreensão da sua dinâmica perniciosa; e, por fim, a terceira etapa é a da ação, da mudança e reequilíbrio. Com efeito, nos casos em que o ciúme invade uma relação, “a relação que se constrói é assimétrica, e um dos dois precisa de ter controlo sobre o outro, que se torna uma espécie de objeto. Não há mais espaço para dúvidas nem para as mudanças”. O método deve concentrar-se em cada um, e no interesse em cuidar do outro e da relação, passando necessariamente pelo controlo das emoções, especialmente a raiva.

Todo este trabalho não tem de ser feito necessariamente a dois, mas a verdade é que nem sempre a pessoa ciumenta reconhece que o é. “Para ela é o outro a incita, que a puxa para o ciúme, que provoca, sendo que nestes casos é melhor fazer este trabalho com os dois”.

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Foto: José D'Oliveira - Happiness Happens

Mas vamos falar de soluções. O “remédio passa claramente por técnicas de controlo das emoções, baseadas em exercícios de respiração e de relaxamento, bem como exercícios clássicos para criar um distanciamento que permita a pessoa ciumenta reconhecer a sua própria violência”. Por exemplo, quando escreve um SMS ou uma mensagem agressiva, espere dois minutos e envie-a a si próprio(a), pois tal irá permitir que tenha a consciência da sua impulsividade e da explosão da sua raiva. Estes exercícios de distanciamento constituem um meio de suavizar a sua violência, ser menos ciumento(a) e refazer a sua confiança. Em paralelo, a terapia de casal ajudará a recuperar a confiança e acreditar novamente que a sua relação tem futuro.

Boas notícias! Ser ciumento não é inevitável… Com todos estes conselhos para porem em ação terão todas soluções na mão para vencer este vilão.

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Miguel J Machonga
há 7 anos

Espero que eu tenha ajuda

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