A narrativa que escolhi para hoje é de uma simplicidade singela, sem artifícios, resiliente.
Aguardamos por uma normalidade que tarda, mas que nos remete para a essência do mundo, para o que realmente tem valor e importância.
A minha história não é habitada: alimenta e desperta os sentidos, encorajando a vontade de sonhar. Não tem um epílogo nem heróis, tão em voga no storytelling dos nossos dias. Remete-nos sim, para o desejo de viver uma história na sua essência, focada no cerne de uma relação, no amor.
Um espaço e um momento suspensos no silêncio, dos quais o tempo se apropriou, guardam o desejo quase secreto do regresso dos dias felizes e livres. Tudo se prepara cuidadosamente, num processo criativo conduzido pela emoção, pela cor e pela esperança, em busca do belo no seu estado mais puro: um imaginário onde tudo brilha em plena liberdade.
O Albergue dos Peregrinos, no Mosteiro de Vairão, acolhe a minha história de hoje, escolhas alinhadas intencionalmente, porque na sua simplicidade evocam o essencial das coisas.
Foto: Hugo Esteves Photography
A história que vos quero contar começa aqui, num espaço tranquilo e tão sereno que convoca a paz de espírito e uma tranquilidade mágica, quase inexplicável. Tomado pelo passar do tempo, o silêncio do Claustro é interrompido apenas pelos sons da natureza e pelo compasso humano, assinalado pelas badaladas do sino da torre.
Aqui nasce a história suspensa no tempo, pronta para ser acordada de um longo e sereno sono.
Foto: Hugo Esteves Photography
O convite que marca o dia é cheio de referências pessoais e simbólicas. Privilegiando o tempo e o saber fazer manual, é pintado a aguarela sobre papel feito à mão, com textura e imperfeições.
Foto: Hugo Esteves Photography
As flores sazonais misturam-se com espécies secas, frutas e folhas de alface e brócolos, de forma orgânica, e uma paleta cromática natural e viva. Como se tudo fosse colhido aleatoriamente do quintal da família, pela sua beleza intrínseca.
Foto: Hugo Esteves Photography
À mesa, regressam as tradições da família. Sobre uma toalha feita de memórias, os pratos e os copos da Mãe misturam-se com talheres e guardanapos mais contemporâneos. As frutas, vegetais e flores combinam as suas formas, texturas e cores numa estranha e segura beleza, cheia de significado e memórias dos que estão sempre presentes em nós.
Foto: Hugo Esteves Photography
Selamos a união com promessas de amor simbolicamente interpretadas e pintadas, unindo a essência de duas pessoas e preservando a sua individualidade. Unos, somos dois.
Foi um prazer criar este momento e partilhá-lo convosco. Espero que vos inspire e alimente a esperança.
Ao regresso dos dias bonitos!
Por Alexandra Barbosa, Directora Criativa d'A Pajarita, e Susana Esteves Pinto. Artigo originalmente publicado em A PAJARITA.
Veja o vídeo para sentir as emoções desta sessão!
Ficha Técnica
- Texto: Alexandra Barbosa e Susana Esteves Pinto
- Planeamento, estacionário, flores e styling: A PAJARITA
- Fotografia: Hugo Esteves Photography
- Vídeo: André Alves Films
- Espaço: Albergue de Peregrinos do Mosteiro de Vairão
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