Hoje vamos falar-lhe do que a ciência, com os seus cruzamentos de dados, números e hipóteses, tem a dizer sobre um tema bem sentimental: será que é possível saber no início de uma relação se ela está destinada ao sucesso ou ao desastre?
Uma vez superado o momento da paixão, e tendo a convivência em casal como cenário principal, tudo se complica na até então maravilhosa vida a dois. E é, precisamente, nesta altura que entra em jogo toda a logística de um caminho partilhado, onde não cabem meias medidas. Nos primeiros meses a viver juntos - 100 dias, para sermos mais exatos - desenha-se, então, o mapa da relação séria num casal. E é aqui que a ciência nos pode ajudar a determinar se a mesma tem ou não futuro. Claire Kamp, socióloga da Universidade de Ohio, e John Gottman, psicológico americano que trabalhou extensivamente durante quatro décadas na previsão do divórcio e na estabilidade conjugal, autor do livro The Seven Principles For Making Marriage Work, contam-nos tudo.
Saber diferenciar a paixão e a vida real
Chegar a casa com uma pessoa on fire, despir-se a caminho do quarto, derrubar um candeeiro e não pararem de se beijar e de se tocarem são coisas habituais quando o instinto animal e o sexual saem para passear. A isso chama-se paixão e rezará para que continue o maior tempo possível. Esse conglomerado cósmico de roupa pelo chão, suor, falta de decoro e lençóis desarrumados será um sinal inequívoco de que o assunto começou bem. No entanto, após algum tempo, essa desordem poderá deixá-la/o louca/o, pois uma relação passa a ser um estado em que a paixão deverá existir, mas já não assume o papel principal, pois há toda uma gestão de uma série de normas para que o seu espaço familiar pareça uma casa decente. E, claro, este tipo de situações desembocam em discussões.... E a isto se chama relação!
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Foto via Shutterstock: Peter BernikDiscussões
Claire Kamp e a sua equipa da Universidade de Ohio realizaram uma investigação que começou nos anos 80, mas que lançou as bases de uma teoria muito interessante. Chegou-se à conclusão de que quase tudo se baseia nas discussões. Não se deixe enganar, elas existirão na sua vida, mas a forma como as resolve será a chave na sua vida matrimonial. "Os casais que assumiam desde o princípio uma tomada de decisão desigual, tinham maiores probabilidades de apresentar maior conflito conjugal", explicou Kamp.
Diante da pergunta sobre a frequência das discussões, os entrevistados tinham as seguintes opções: nunca, poucas vezes, às vezes, muitas vezes ou frequentemente. 16% demonstrou baixos níveis de conflito; 60% moderado e 22% alto. Nesses 100 dias, determinar-se-ia a forma de abordar esses problemas e as posições de ambos os indivíduos não só em casal, como na relação. "Se um casamento não vai funcionar, o mais provável é que ele se manifeste nesta etapa", esclarece Kamp. Se as discussões frequentes e fortes ao início não são bom sinal.
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Foto via Shutterstock: Rawpixel.comEntendimento
Segundo John Gottman, o importante numa discussão não é o problema em si, mas sim encontrar a forma de desenvolver empatia face ao outro. Ainda que não se mude de opinião sobre um tema, não há nada como colocar-se no lugar do outro e compreender as suas emoções. Desta forma, será muito mais simples descobrir como se sente e porque é que chegou até àquela postura. Se se assumir este comportamento desde o início, os conflitos poderão ser encerrados e não serão um fardo durante toda a vida em comum.
Para chegar até este ponto é importante abrir-se e expressar todas as posturas vitais, desde as prioridades até aos aspetos em que poderiam ceder. Também é necessário estabelecer os valores da relação e que ambos considerem importantes para a vossa família. Neste caso, o entendimento é uma prioridade, pois falamos de assuntos chave para o futuro.
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Foto via Shutterstock: nd3000Uma equipa
Uma relação é uma equipa e isto deveria ficar bem claro desde o primeiro momento. Durante esses primeiros três meses a viverem juntos, não só se estrutura a relação segundo a qualidade das discussões, como surgem os papéis que cada um vai exercer através delas. A submissão e a dominação, sempre de um ponto de vista sociológico e não selvagem, surgem nestas situações, onde um dos indivíduos demonstra uma atitude de obediência, talvez por falta de personalidade ou decisão, e outro de autoridade.
Ainda que esses papéis dentro da relação possam repartir-se nesse período de adaptação, recomendamos que nunca se chegue até esse ponto. Em todos os casais há graus, às vezes mudando entre os dois membros da relação, mas o equilíbrio seria a nota correta diante das outras, que são muito mais dissonantes. Estas relações são muito mais propícias ao êxito, ainda que as outras também continuem o seu curso em muitos casos, quer sejam mais ou menos felizes.
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Foto via Shutterstock: g-stockstudioSe começou a viver com a sua cara-metade, aprenda a manejar as discussões nesta etapa chave. Se não, quem sabe, se arrependa no futuro. Boa sorte!
Descubra também o nosso vídeo com conselhos fundamentais para conseguirem manter uma relação saudável e feliz!
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