Quando chega a altura de
organizar o casamento, há diversos aspetos sobre os quais é necessário tomar uma decisão. Um deles é
o tipo de cerimónia a celebrar. A tradição já não é o que era e, muitos casais optam por
celebrar uma cerimónia civil, abdicando da tradicional cerimónia religiosa. Há também casais que abdicam, de todo, de qualquer tipo de oficialização da cerimónia e optam pela união de facto.
Tradição e cultura portuguesas
A cerimónia mais tradicional celebrada em Portugal é a
cerimónia religiosa, com todas as tradições que isso implica. Desde
a receção dos noivos em casas separadas e da tradicional sessão de fotos pré-casamento, até à saída da igreja, com o tradicional arroz e pétalas de rosas que visam
desejar uma vida próspera e plena ao jovem casal. No entanto, são cada vez mais os casais que optam apenas pela cerimónia civil. Aliás, em 2019
os casamentos civis foram mais do dobro dos casamentos católicos (22.404
vs 10.037).
A cerimónia mais tradicional em Portugal é a religiosa, com tudo o que isso implica, desde a receção dos noivos em casas separadas, até à saída da igreja, com o tradicional arroz e pétalas de rosas | Foto: Aguiam Wedding Photography
A população portuguesa é maioritariamente católica, devido às circunstâncias históricas que Portugal viveu no passado. De acordo com os
censos de 2011, promovidos pelo Instituto Nacional de Estatística,
81% da população portuguesa era católica. Mas além dos católicos, há também
uma presença significativa de evangélicos e de testemunhas de Jeová, no território nacional.
Judeus, anglicanos, islâmicos, hindus, ortodoxos, bahá'is e budistas, fazem parte dos grupos minoritários existentes em Portugal. Por isso, em 2019 foram celebrados
154 casamentos fora da esfera dos casamentos civis e católicos.
Se compararmos a 1960, em que apenas
9,2% dos casamentos eram não católicos, não temos dúvidas que a "tradição já não é o que era", já que
em 2019 ascendiam a 69,2% os casamentos não católicos.
São cada vez mais os noivos que optam por casamentos não católicos | Foto: Across the Mountains
Liberdade de pensamento e ação
A Constituição da República Portuguesa reflete
a liberdade de consciência, de religião e de culto. Embora sempre tenham existido exceções,
as pessoas nem sempre tiveram a liberdade de pensar e agir livremente. Em muitas ocasiões, a repressão da sociedade ou das famílias forçou jovens casais a seguirem algumas linhas de pensamento e, por isso, a
casarem-se de acordo com os preceitos da religião católica. Noutros casos, esse pensamento livre existia, mas não a possibilidade de expressá-lo. E apesar de alguns noivos não partilharem da mesma fé dos seus familiares,
muitos foram levados pela tradição e pelo respeito à família, a celebrar o casamento de acordo com a tradição.
Ao longo dos anos muitos noivos foram levados a celebrar o casamento de acordo com a tradição pelo respeito à família.| Foto: Aguiam Wedding Photography
Os portugueses continuam a casar?
De acordo com as estatísticas demográficas divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística,
em 2019 realizaram-se em Portugal 33 272 casamentos, dos quais
677 entre pessoas do mesmo sexo. O número é ligeiramente mais baixo do que em 2018 - no qual se casaram 34 637 e onde se observou um crescimento suficiente para ultrapassar os registos dos últimos sete anos (mais elevado só em 2011) - mas a verdade é que,
sim, os portugueses continuam a casar!
Com que idade casam os portugueses?
Segundo as estatísticas,
os portugueses têm vindo cada vez mais a adiar o matrimónio, tendência que se tem mantido ao longo das últimas décadas e para ambos os sexos.
A idade média do primeiro casamento em 2017 situou-se em 33,2 anos para os homens e 31,6 anos para as mulheres. Em 2016, os homens casaram com 32,8 anos e
as mulheres com 31,3 anos, enquanto que em 1960 a média era
26,2 anos de idade para os homens e
24,8 anos para as mulheres.
Em 2019, a idade média do primeiro casamento nos homens subiu para os 33,9 anos e nas mulheres para os 32,4 anos de idade nas mulheres.
Porque é que se casam cada vez mais tarde?
Portugal é dos países da União Europeia onde
os jovens saem mais tarde da casa dos pais. Em média, os adultos portugueses permanecem na casa que os viu nascer
até aos 29,2 anos de idade, segundo os dados da Eurostat, publicados a 15 de Maio de 2018.
Entre os principais motivos,
a dificuldade no acesso ao emprego e a fraca capacidade económica para ter uma vida confortável leva a que homens e mulheres adiem a decisão de casar e constituir família.
Ter filhos ou não: uma decisão importante
As mulheres são mães cada vez mais tarde. Portugal tem dos mais baixos índices de fecundidade do mundo (
está nos 1,41 segundo dados de 2018), estando aidade média da mãe ao nascimento de um filho nos 31,5 anos e as mulheres a
terem em média o primeiro filho aos 30,4 anos. O estudo "Determinantes da Fecundidade em Portugal", realizado em parceria com a Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) e o Instituto Nacional de Estatística (2016), revelou que
50% das pessoas em idade reprodutiva esperam ter dois filhos e 25% aspira ter apenas um, concluindo-se também que
as pessoas desejam ter mais filhos do que aqueles que na realidade têm.
O trabalho, o prolongamento dos estudos, o momento da entrada no mercado de trabalho e a instabilidade ou falta de uma relação conjugal, levam a que muitas mulheres considerem ter menos filhos, para
poder dar-lhes as melhores oportunidades. A união de facto começa também a ser mais comum, em virtude do sentimento de
instabilidade e perceção da segurança no futuro, o que leva muitas mulheres, uma vez mais, a adiarem a decisão de engravidar.
Há inúmeros fatores que levam muitas mulheres a adiarem a decisão de engravidar | Foto: AWE
Identificação com outra fé ou ausência dela
Os costumes têm mudado ao longo dos tempos e
muitos casais optam por realizar uma cerimónia civil, conjugando-a com
outro tipo de tradição religiosa, por professarem uma religião diferente. Outros não se identificam com nenhuma religião em particular e optam por
uma cerimónia simbólica.
Há casais que optam por uma cerimónia simbólica. | Foto: Monica Gallardo Photography
Casar pela igreja: sim ou não?
Na Zankyou, acreditamos que
tudo dependerá da vontade dos noivos, da tradição da família e da predisposição de ambos para respeitarem todos os rituais religiosos ou não.
O mais importante é que o jovem casal reflita sobre o assunto e chegue a um consenso, escolhendo a cerimónia com que mais se identifica.
Os rituais religiosos
não são as únicas opções para se casarem. O mais importante é estarem cientes de que o que conta mesmo, é ter a possibilidade de
celebrar a vossa união junto daqueles que vos amam e que torcem pela felicidade do casal. Conheça todos os
procedimentos e documentos necessários para realizar um casamento civil e saiba ainda se deve
adotar o apelido do seu marido quando casar. Vai optar por uma cerimónia católica, na igreja?
E se experimentasse o vestido de noiva da sua mãe?
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